A Cultura da Corrupção – III.

Até agora, a insinceridade, a desonestidade e a mentira têm sido meios de utilização normal em política. A desonestidade, entretanto, só pode ser vantajosa por breves instantes e a expensas do futuro. A longo alcance, ela se faz inconveniente para a própria vida. A verdade é mais viável que a mentira. Estados construídos sobre a mentira decaem por adotarem procedimentos que se alimentam da tradição de mentir.

Karl Jaspers.

Profético este texto de Jaspers, escrito em 1965, mas que fotografa bem os dias atuais. Em 1991 e 1993 escrevi dois artigos com o mesmo título deste, criticando, então, a crise gerada por Fernando Collor e pelos anões do orçamento. Mudou algo? Nada, ou melhor, mudou sim, para pior. Ser honrado – hoje – é quase um libelo acusatório contra os que nos governam. Ser honrado hoje é possuir um diploma de burro, de imbecil e assistir os medíocres e safados que, como vermes mutantes, são os mesmos dos anos acima, apenas com outras e mais feias caras. Ser “ralé” não depende de ter ou não dinheiro, não depende de ter sido “bem nascido”, depende apenas de ter ou não tido a oportunidade de assaltar os cofres públicos. Esta a nossa realidade. A nossa elite atual tem a cara do Delúbio.

Votamos no atual presidente e no partido que o levou ao poder com a esperança de termos um governo ético, pois que a ética sempre foi o bumbo em que o PT bateu para conclamar os brasileiros-idiotas (como eu) a votar neles. Queríamos o fim da ladroagem, dos cambalachos, dos caixas-dois que o desgoverno Collor revelou ao país. O que conseguimos? Ladroagem, cambalachos, cuecas-cofres, malas porta-grana e caixas-dois, cuja única diferença foi terem sido praticados por desajeitados amadores. Se estes eram os meios para serem alcançados os fins do programa do partido, – estalinismo de resultados – deveriam estar escritos nele. Teríamos pensado duas vezes antes de votar. Mentiram-nos mais uma vez.

O Brasil tem a corrupção como algo institucionalizado, o que, se não serve para desculpar o PT e seus delinqüentes, serve para explicar porque os “malandros-otários se deitaram na sopa” (Jorge Bem – Charlie, anjo 45). Eles apenas acomodaram-se à situação que encontraram. Aliás, acomodaram-se muito bem, com cartões de crédito sem limites, carrões importados Viva a Revolução Industrial!), charutos Coíba (Viva a Revolução Cubana!), vinhos Romanée-Conti (Viva a Revolução Francesa!) e os churrascos brasileiros, não tão charmosos, mas bastante permissivos. Tudo pago com a escorchante carga tributária que nos foi imposta – e que torna a idéia de ser empresário quase suicida – e com os desvios de dinheiro público, ou seja, dos otários que pagam impostos. Viva o companheirismo e a formação de quadrilha! Junina, é claro, com suas ridículas fantasias!

Que podemos esperar? Nada mais. De pouco adiantará remover esses carrapatos-estrela que sugaram e gostariam de continuar sugando o nosso sangue, o que penso seguirá ocorrendo. Os pizzaiolos já estão esfregando as mãos. Outros virão ocupar o seu lugar e alimentar-se com a nossa energia até que, exangues, sejamos corpos mortos, sem utilidade para eles, que, supostamente, irão gozar seu dinheiro bem guardado em contas secretas no exterior. Aliás, atenção: declaro aqui, a quem interessar possa, que o adjetivo “suposto” deverá ser pós-posto a todas as frases aqui escritas.

A corrupção está tão encravada em nossa cultura, que um petista, que pensava lúcido, tentou explicar-me que toda essa dinheirama desviada do povo miserável se justificava em face dos muitos anos de militância de Fulano ou Beltrano. Que o personagem José Dirceu tem direitos que adquiriu com a perseguição (??!!) sofrida nos duros anos da ditadura. Direito a que? Aos Delúbios? aos Silvinhos? aos Genoínos? às cuecas-cofres? aos mensalões? ao caixa-dois, às malas de dinheiro? à  corrupção desenfreada? E eu que pensava que lutassem por um Brasil mais justo e honesto. Eu e a velhinha de Taubaté…

As CPIs que aí estão vêm servindo para que políticos de último rango mostrem suas coxas com celulite em um palco mambembe, no qual demonstram sua incapacidade de formular perguntas que não sejam óbvias ou despropositadas. Ainda não foi perguntada, e menos ainda respondida, a origem do dinheiro. Empréstimos generosos? Ora bem, Bernard Shaw, teatrólogo britânico ensinou que banqueiro é o homem que empresta um guarda-chuva em um dia de sol, mas pede-o de volta assim que começa a chover. De repente, surgiram banqueiros-bonzinhos, perdulários, mecenas da ética defendida pelo PT, tratando com seus dirigentes, – cujas fotografias bem poderiam estar em um álbum policial de “procura-se”- dispondo-se a fazer empréstimos de dezenas (centenas?) de milhões, sem qualquer garantia concreta. Respeitem ao menos a nossa inteligência. Empréstimos simulados sempre foram uma das fórmulas para esquentar dinheiro frio. Através deles os bancos SUPOSTAMENTE “emprestam” o dinheiro que já era do tomador do empréstimo, cobrando uma “comissão”, com um prévio ajuste de que tais empréstimos seriam prorrogados e, se não pagos – o que parece ser a regra – seriam levados à conta de lucros e perdas, ou seja, à sua conta, brasileiro idiota, pois servem para reduzir o imposto de renda. Não estou afirmando que isso tenha ocorrido, mas, afinal, existe nas contas bancárias uma denominada “provisão para devedores duvidosos”. Não seria aí que tais empréstimos se encaixariam?…

Que país é este em que Roberto Jefferson virou herói nacional por delatar crimes? Que país é este em que seus dirigentes admitem haver cometido crimes (eleitorais e já prescritos) para safar-se de outros maiores e ainda puníveis? Que país é este em que a explicação de hoje é a mentira de amanhã? A Heloisa-Helena, a Luciana Genro e o Babá sabiam o que faziam e porque faziam, quando saíram do PT, sinalizando uma conduta a ser seguida pelos petistas honestos, que são muitos e estão envergonhados; por aqueles em quem votei e que votaria novamente, apesar do partido. O PT é um cristal quebrado, não se conserta. Qual a solução? Não sei. Talvez aquela praticada pelo herói dos nossos dirigentes e defensor dos direitos humanos, Fidel Castro: al paredón! Ou será que essa prática se aplica apenas aos não-companheiros?

 

Rubens Miranda de Carvalho.

Advogado e mestre em Direito.

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Do Cartório ao Legado

A jornada de sucesso de Miranda de Carvalho e Grubman

Remonto aos anos anteriores a criação do escritório, que ocorreu em 1963, quando eu ainda era escrevente de cartório e fui incentivado pelos meus superiores a cursar Direito. Essa base sólida e meus colegas de profissão na época foram o ponto de partida para a construção do que hoje conhecemos como Miranda de Carvalho e Grubman.

Naqueles primeiros anos, após sair do 3º Oficial de Registro de Imóveis de Santos e do 5º Tabelião de Notas de Santos, foi interessante notar que, recém-formado, fui mais procurado com base no meu trabalho como cartorário do que como advogado. Tive a vantagem de atrair clientes devido à confiança que depositavam em mim nesta função. Foi nessa época que trabalhei em sociedade com Romulo de Tulio, que infelizmente já nos deixou. Juntos, iniciamos essa jornada que nos levaria a voar pelo Brasil, representando nossos clientes em diversas situações.

Nosso escritório foi moldado para se adequar à cidade de Santos, onde a maior parte de nossas atividades é realizada. Temos o privilégio de trabalhar em uma comunidade que nos acolheu desde o início e retribuímos o apoio e a confiança que recebemos.

Durante minha trajetória, tive o privilégio de criar, contratualmente, o primeiro condomínio fechado em Santos e possivelmente do Brasil, o Morro de Santa Terezinha, e o primeiro shopping em condomínio – e terceiro shopping vertical do país-, o Parque Balneário. Enquanto os shoppings tradicionais eram propriedade de um único dono, com poder econômico e financeiro, o conceito de shopping em condomínio permitiu que cada loja fosse uma unidade autônoma dentro de um condomínio.

Vejo que, atualmente, especialmente no âmbito do direito tributário, que é com o qual lidamos predominantemente, enfrentamos rápidas e frequentes alterações. É fundamental mantermos um acompanhamento próximo das mudanças para não nos deixarmos surpreender e para garantir que nosso conhecimento esteja sempre atualizado.

Como advogado, aprendi que somos os primeiros juízes de uma causa. Quando alguém nos procura como cliente, temos a responsabilidade de julgar a pretensão apresentada, avaliando sua adequação ao direito. Devemos ser sinceros e éticos ao informar ao cliente suas chances de sucesso, se são altas, baixas ou incertas. Devemos sempre acreditar que é possível construir um futuro dentro da ética, dentro da lei e trabalhar constantemente para alcançá-lo. Nada vem fácil, a menos que sejamos agraciados com uma herança, o que está longe de ser o caso da maioria.

Acredito que nosso sucesso é resultado de nosso trabalho árduo, dedicação e respeito à ética. Estou honrado por ter trilhado esse caminho ao lado de cada um e ver hoje o legado se mantendo com uma nova geração de advogados é impagável. O trabalho que comecei continua e vem sendo aprimorado por esses profissionais dedicados. É inspirador testemunhar como nossa visão foi transmitida e mantida através do tempo.

Por Rubens Miranda de Carvalho

Cristiane Santos

Departamento Administrativo

Formada em Logística e Transporte Multimodal pelo Centro Universitário Mont Serrat desde 2006

Técnica em Contabilidade pela Escola Acácio de Paula Leite Sampaio desde 2003

Nicolly Lima dos Anjos

Advogada

Formada em Direito pela Universidade Católica de Santos

Mariana Mendes Moutela

Departamento de Atendimento ao Cliente

Cursando Relações Públicas pela Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação de Santos

José da Conceição Carvalho Netto

Advogado desde 2010


Formado em Direito pela Universidade Católica de Santos.

Pós graduando em Direito Imobiliário na Escola Superior de Direito.

Leonardo Grubman

Advogado desde 1999


Formado em Direito pela Universidade Católica de Santos


Especialista em direito tributário pela PUC-SP

Rogério do Amaral Silva Miranda de Carvalho

Advogado desde 1993


Formado em Direito pela Universidade Católica de Santos

Licenciado em História pela Universidade Católica de Santos

Pós-graduado em História da América Latina 

Rubens Miranda
de Carvalho

Advogado desde 1963

Formado pela Faculdade Católica de Direito de Santos

Mestre em Direito pela UNIMES

Formado em contabilidade pela Escola Técnica de Comércio de Santos